01 junho 2006

Travessia polar brasileira

Até onde tenho conhecimento, a lista de brasileiros que esteve no Pólo Sul é restrita a:

1 - Professor Rubens Junqueira Vilella: em 1962, integrando o programa antártico norte-americano;
2 - Professor A.C. Rocha Campos: por duas vezes, em 1981 e 1985, salvo engano. Uma como pesquisador e a outra acompanhando o
3 - Embaixador Luiz Filipe de Macedo Soares: então Conselheiro e chefe da minha saudosa Divisão no Merré, por ocasião de um seminário na Geleira Beardmore organizado no âmbito do Tratado da Antártica, em 1985;
4 - Julio Fiadi: em expedição particular em 2001. Que eu saiba, Fiadi é o único brasileiro a ter pisado nos dois pólos. Acompanhou Amyr Klink às Geórgia do Sul uma vez também.

Com exceção de Fiadi, que chegou por via aérea até o paralelo 89º Sul e seguiu o resto de esqui, todos os outros foram diretamente à Estação Amundsen-Scott de avião.

A quinta pessoa dessa lista é o Professor Jefferson Cardia Simões, que em 2004 acompanhou uma perna da Expedição Científica Transantártica Internacional (ITASE) organizada pelo Chile.

A grande diferença é que ele se deslocou por 2.400Km, ida e volta, entre a Estação Patriot Hills e o Pólo Sul em um comboio puxado por um trator polar, recolhendo testemunhos de gelo (colunas de gelo para análise de partículas que servem para pesquisas sobre mudança climática). Na minha opinião é uma diferença qualitativa que o torna o primeiro brasileiro a ter chegado ao pólo, não simplesmente estado lá.

O feito não teve lá muita repercussão na imprensa, infelizmente - pelo menos não a repercussão devida. A presença brasileira na Antártica e as pesquisas no âmbito do Programa Antártico Brasileiro estão muito aquém do potencial. Mais importante, é somente por meio da pesquisa científica que o Brasil tem como participar efetivamente em assuntos antárticos. Os temas discutidos no âmbito do Tratado da Antártica surgem primeiro na comunidade científica. Se não for dado o valor devido ao Programa Antártico Brasileiro ficaremos à margem de questões internacionais importantes que ultrapassam o significado de esta ou aquela pesquisa.

Ciente disso e com olho na divulgação necessária do tema para atrair apoio para a participação do Brasil no Ano Polar Internacional, o Professor Simões colocou no ar um site relatando toda sua expedição, com muitas fotos e vídeos. Não achei a navegação das mais amigáveis, mas está muito interessante. É o embrião de uma possível travessia polar exclusivamente brasileira, o início de uma presença brasileira no continente, além das ilhas da Península Antártica. Vai lá: www.ultimafronteira.com.br.

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