24 junho 2006

Bipolaridade e Mandinga

Em discurso recente, o Presidente Kirchner mencionou o caráter bipolar da personalidade dos argentinos, cuja auto-estima alterna entre períodos de depressão profunda e nostalgia do passado distante e entre uma arrogância que os coloca no topo do mundo.

A Copa do Mundo deixa isso muito evidente. Antes do mundial, a falta de fé era geral e irrestrita, a memória de 2002 ainda a assombrar e, pasmem, todo argentino considerava o Brasil favorito. Desde o 6x0 na extinta Sérvia e Montenegro, no entanto, a moral vem subindo.

Muito rapidamente, essa moral chegou aos estratosféricos limites da bipolaridade mencionada acima. No jogo do Brasil contra o Japão, houve comentarista de TV falando de um tal buraco na lateral direita brasileira, que poderia ser explorado pela seleção argentina na final. Mais modesto o narrador de Alemanha x Suécia que identificava as falhas alemãs que beneficiariam a Argentina nas quartas, muitas horas antes do gol milagroso na prorrogação que classificou a Argentina. Hoje as imagens do Obelisco depois do jogo eram freqüentemente acompanhadas de gritos histéricos de "Já somos campeões!! Que venha o Brasil!!"

É, definitivamente, o estereótipo não o é à toa, a humildade não é um traço característico dos argentinos. Da onde eu venho, no entanto, dizer "Já ganhou!" ou "Estamos tranqüilos" dá um azar dos diabos. É auto-mandinga...

É, argentinos, eu me rendo...não tem mais como vocês perderem...

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