19 junho 2006

Da universalidade do futebol

Muitas linhas já foram escritas explicando o porquê do futebol ter se tornado o esporte mais popular do mundo, a maioria dissertando sobre as qualidades democráticas e acessíveis do esporte bretão ou sobre o fato da criatividade poder se impor sobre o rigor físico, etc.

Mas é talvez mais impressionante como o comportamento dos espectadores é universal, como 22 marmanjos correndo atrás de uma bola causam reações semelhantes em pessoas de culturas diferentes.

Aqui, como no Brasil, mulheres têm uma dificuldade inata de entender o que é um impedimento. Feministas, podem xingar, mas entre vocês mulheres só minha mãe (que é a maior Maria-chuteira) sabe o que é um impedimento. Outro traço comum: tanto argentinas como brasileiras têm a mania de confundir habilidade futebolística com atributos de beleza. Kaká é o melhor porque é lindo. Mas por alguma razão bizarra, até o Tevez fica bonito em campo.

Aqui, como no Brasil, não há vida inteligente na televisão futebolística. Levanto as mãos aos céus por assistir uma Copa do Mundo sem Galvão Bueno e Cléber Machado, mas os locutores e comentaristas daqui não ficam muito atrás. É verdade que são locutores que torcem escancaradamente contra o Brasil, mas ainda são preferíveis ao Galvão Bueno. Pelo menos, não há os redudantes e uber-estúpidos comentaristas de arbitragem.

Aqui, como no Brasil, nesta época também os maiores pernas-de-pau se tornam sumidades em conhecimento futebolístico. Todo taxista é um técnico de seleção em potencial. O humor de todos os indivíduos de uma nação está estreitamente vinculado ao desempenho dos 11 que provaram não ser perna-de-pau. Projetamos neles todas nossas aspirações. Por pelo menos um mês a cada quatro anos há 11 escolhidos que encarnam aquilo que todo garoto quer ser quando crescer. Esta propaganda aqui reflete bem esse espírito. "Façam por aqueles que não chegaram lá".

Comprovando essa última tese: Argentina 6 x 0 Sérvia e Montenegro (que massacre...preocupante, o Brasil que jogou contra a Croácia não encara esse time, mas felizmente o time que derrotou a Austrália me dá mais confiança). Desde a goleada argentina, a cidade está mais feliz, os porteiros mais falantes, as pessoas se cumprimentam na rua, falam do futuro com sorrisos, há poucos sinais do pessimismo característico dos porteños pelo ar. Este mês, tudo depende dos 11 que chegaram lá. Tanto aqui como no Brasil.

PS: Provocação: a alegria dos argentinos é mais do que justificada...afinal, independente dos resultados da próxima rodada, a campanha deles neste mundial já é melhor do que em 2002...já podem se dar por satisfeitos...

1 comentaram:

Lucia Malla disse...

Bom, eu adoro futebol e sei o q eh um impedimento. Acho q faco parte das suas excecoes estatisticas - embora acredite nao ser uma maria chuteira... hehehe!! :-P