11 julho 2007

Clássico da repartição: Caminhoneiros x Tropa de Choque

Em clima de Copa América, eles estão de volta. A torcida organizada do sindicato dos caminhoneiros bate bumbo à porta da repartição, bem abaixo de minha janela (protegida com jardineiras anti-bomba, herança arquitetônica da ditadura), cantando xenofobicamente siga el baile, siga el baile / al compás del tamboril / que esta noche nos cogemos / a los putos de Brasil.

Só aos putos, por favor.

Será uma manhã interessante, haverá quilombo. Y los niegros de mierda / nos quieren cagar / y los niegros de mierda / nos quieren cagar / Qué quilombo / Qué quilombo voy armar...

Quando cheguei já havia um empurra-empurra entre a militância e tropa de choque da polícia porque esta apagou uma fogueira na pracinha aqui em frente. Parece que intenção da hincha do sindicato é acampar.

A polícia está na porta desde ontem, passando frio. Anda fazendo um frio dos diabos, como vocês sabem. E a tropa de choque está louca para aquecer-se.

UPDATE: Depois de uma longa manhã escutando bumbos no trabalho como se eu remasse em uma galera antiga (nunca digitei de forma tão ritmada...), a hincha do sindicato foi embora, mas sem levar borrachada.

PS: Me encanta escutar a hinchada gritar negros de mierda menos de uma semana depois de ouvir de um diplomata argentino que aqui não há racismo "porque no hay negros". Ha! É quase tão engraçado quanto ouvir que não há racismo no Brasil "porque raça não existe" - como se a inexistência de raças anulasse o preconceito ao invés de deixá-lo ainda mais em evidência, como se fosse necessário declarar-se racista para ser-lo...

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