17 julho 2007

Guerrilheiros relaxando e gozando

Com a consolidação dos blogs como meio de comunicação na Internet, não tardou muito para o mercado publicitário se impor também neste meio. Não estou falando dos Google Ads e afins (que não me rendem nada mesmo...alguém aí se incomoda com os anúncios?), mas do que se convencionou chamar de "marketing viral" ou "marketing de guerrilha"- coisas que parecem engraçadinhas e legais para passar adiante por mail, mas que na verdade foram criadas e divulgadas em primeiro lugar por publicitários.

Quem mais entende do tema provavelmente é Mr. Mason do Cocadaboa, site que já foi dos mais polêmicos do Brasil, mas que anda meio de lado porque Mason justamente consolidou-se como um dos grandes guerrilheiros de marketing do Brasil e agora tem mais o que fazer do que administrar o site (seus críticos chamam ele de "traidor do movimento"). Aparentemente, ele tem uma rixa com o Antonio Tabet do Kibe Loco, talvez o mais acessado site de humor em português, e pelo que entendi é exatamente pelo uso que este último faz de campanhas virais.

Ou vai me dizer que a piada do "Hoy... - Ooooiiii..." não é jabá da empresa de celular detrás desta campanha endossada pelo site? Só não é mais direto que este post sobre uma marca de cerveja...

O Kibe tem milhares de acessos diários, tem mais é que faturar em cima mesmo. Independentemente de terem sido feitos ou chupinhados para uma campanha de marketing, são posts criativos - talvez até mais criativos por isso. Não é tudo publicidade, obviamente, mas a audiência dos posts "inocentes" é também exposta à publicidade, sem que esta seja explícita como tal. A Internet deu uma forma aos publicitários de criar e rastrear o famoso "de boca em boca".

Não estou criticando Tabet, só estou citando isso como exemplo de que, como em todo meio de comunicação de massa, tampouco há inocência e imparcialidade na blogosfera, nem mesmo em sites de humor. Mas é bom ter em mente que ao enviar um link divertido para alguém, você possivelmente está fazendo comercial de graça - você faria isso com algum panfleto na rua?

Toda a enrolação acima para levantar a seguinte hipótese conspiratória. A Peugeot não tinha que tirar do ar o anúncio que tira sarro da Marta Suplicy, pedido do Presidente ou não. E se a retirada do anúncio, logo incluído no YouTube, e a conseqüente polêmica a respeito foram parte da campanha?? Vá lá, é um comercial engraçadinho, mas nem tanto, cairia logo no esquecimento - a polêmica gerou um burburinho muito maior do que teria o anúncio normalmente, em um público com maior poder aquisitivo, o que tem acesso à Internet.

Não duvido que tenha ocorrido o pedido do Presidente, dadas as anteriores manchas de autoritarismo na faixa presidencial, mas aposto algumas fichas que a empresa aceitou de bom grado a oportunidade de ver seu comercial passando em todas as telas de computador do país. Fico imaginando o publicitário fazendo doce quando lhe pedem que retire a campanha do ar, para depois, sozinho na sala, fazer uma dancinha da vitória e abrir aquela garrafa de champanhe guardada...

1 comentaram:

Claudia Lyra disse...

Muito lúcidas suas considerações sobre o marketing na internet. Mas, sei lá... parece que sempre foi assim, só mudou o veículo.
Afinal, quando criança, os bordões de várias propagandas eram repetidos boca-a-boca à exaustão - tipo "não basta ser pai, tem que participar" - o que não deixa de ser uma propaganda gratuita. O cerumano talvez se recuse a entregar um panfleto na rua gratuitamente, mas não se furta de propagar as tais campanhas publicitárias engraçadinhas, seja lá qual for o meio.