14 novembro 2005

Teoria da relatividade

Campeonato Brasileiro de Dingue. Comprei o barco ano passado pq queria aprender a velejar. Me meti a participar de regatas, pq achei que assim aprenderia melhor. Aprendi que sou um péssimo auto-didata e que não deveria ter olhado com desprezo para aqueles brinquedos que alegadamente melhoram a coordenação motora.

Sou o velejador mais regular de Brasília. Sempre cheguei em último lugar, mas estou sempre lá. Encontro consolo no fato de que com o peso extra de meu barco mais o peso extra de minhas gorduras, é como se eu carregasse um tripulante de 60 Kg a mais do que os outros - apesar de saber que mesmo com o melhor barco e uma tripulação no peso mínimo, ainda assim não chegaria entre os primeiros. Mas não vou para competir, vou para me divertir.

Sábado, primeiras três regatas do campeonato. Deu tudo errado. Nem tirar o barco da rampa eu consegui direito, raspei a bolina nas pedras do cais (em minha defesa, o nível do Lago Paranoá está muito mais baixo do que o normal). Em duas regatas fui desclassificado por ter chegado muito tempo depois do primeiro colocado. O mantra "não vou para competir, vou para me divertir" foi para as cucuias.

Se eu tivesse um galão de gasolina no carro, tinha tacado fogo no meu pobre barco, mesmo sabendo que ele nada tem a ver com isso, que o problema é o timoneiro. Seria apenas catártico.

Domingo, segundo dia de regatas. Tudo errado, de novo. Tive dificuldades para tirar o barco da rampa E para trazer de volta. Em uma cena digna dos Trapalhões, meu proeiro quase cai na água atrás da escota, que eu soltei displicentemente.

Com uma diferença. Terminei em penúltimo as duas regatas. Por alguma razão que ainda não entendi, cheguei a estar no bloco da frente e montar a primeira bóia com seis barcos atrás de mim, só depois fui inevitavelmente perdendo posições.

Aposto que você nunca soube de alguém comemorar o penúltimo lugar.

De onde infiro a aplicação da Teoria da Relatividade para a Felicidade. Não no sentido que você precisa estar rodeado de gente na merda para se sentir melhor. Você estará feliz em t1 se F1 for maior do que F0 em t0, onde F é sua felicidade medida em valores absolutos e t é a unidade de tempo. Independe dos valores de F1 e F0, mesmo que eles sejam uma merda, muito abaixo do F médio dos demais indivíduos da população.

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