16 setembro 2005

Deu no New York Times - Enquete da Semana

Segundo O Globo:

Ao fazer um balanço dos dois dias de viagem do presidente Lula a Nova York, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, recorreu ontem a uma frase de efeito:
— Como dizia Tom Jobim, fazer sucesso no exterior incomoda. Quando é um torneiro mecânico, com um dedo cortado, incomoda mais ainda — disse.
Amorim afirmou que o Brasil nunca teve um líder político com dimensão mundial antes de Lula e a atuação do presidente na Cúpula da ONU só confirmou sua importância internacional.
— O Brasil nunca teve um líder mundial, já teve intelectuais de destaque, mas mundial nunca — disse.
E deu dois exemplos: a reverência dos presidentes a Lula quando o tema era combate à fome e o fato de o “New York Times” só ter citado o nome de quatro ou cinco participantes da reunião do Conselho de Segurança, entre eles Lula.


Segundo a Folha:

"Como diria Tom Jobim, fazer sucesso, ainda mais no exterior, incomoda. E quando é um torneio mecânico sem um dedo, incomoda muito mais", disse o ministro, quando fazia um balanço da participação de Lula na Assembléia Geral das Nações Unidas, a maior reunião na história dos 60 anos da entidade, com a presença de cerca de 170 líderes.
Para provar seu ponto, Amorim citou o fato de o "New York Times" ter citado Lula em seu texto sobre George W. Bush, quando havia mais de dez líderes e o jornal mencionou apenas quatro -Lula, Vladimir Putin (Rússia), Hu Jintao (China) e Gloria Macapagal Arroyo (Filipinas). A menção, no 20º parágrafo de um texto de 23, foi sobre os presidentes ao redor do norte-americano.


Agora o trecho original do NYT:

The Security Council also passed a resolution calling on countries to ban incitement to terrorism and prevent subversion of educational, cultural and religious institutions by terrorists and their supporters. The measure was offered by Prime Minister Tony Blair of Britain in a move paralleling his government's response to bombings in London in July.
The seats around the horseshoe panel were filled by the leaders attending the United Nations summit meeting, and among those raising hands in approval were Presidents Bush, Vladimir V. Putin of Russia, Hu Jintao of China, Luiz Inácio Lula da Silva of Brazil, and Gloria Macapagal Arroyo of the Philippine
s.

Notem que a menção no NYT não era exatamente sobre a suposta "liderança mundial" de Lula na ONU, tampouco dizia que Lula estava sentado ao lado de Bush. Mencionava somente alguns dos presidentes presentes que concordaram com uma resolução britânica sobre terrorismo. Vale recordar, para não saírem dizendo por aí que a presença de Lula no CS é exemplo de liderança, que o Brasil ocupa hoje uma vaga não-permanente no CS, como faz freqüentemente desde a criação da ONU - vira e mexe tem um representante brasileiro lá.

Supondo que o Ministro Celso Amorim não tenha sido mal interpretado pela imprensa e que realmente tenha citado a menção ao Presidente Lula no NYT como base para o argumento que Lula é um “líder mundial” como "nunca" teve o Brasil - quem foi mais mal-intencionado??

a) Amorim, por ter usado um trecho do NYT que dizia que Lula concorda com Blair como exemplo da "liderança mundial" do ex-operário de nove dedos;

b) O Globo, que fez a vez de Radiobrás e reproduziu Amorim na lata, sem qualificações;

c) A Folha, por ter identificado a irrelevância da menção no NYT, mas distorceu seu conteúdo e a jogou no ventilador.

1 comentaram:

Lucia Malla disse...

Eh esse tipo de distorcao q me incomoda nos jornais em geral. Eu capto isso mais em jornais e noticias da ciencia, mas elas estao aih, a todo momento na midia geral tbm. Q depreh.